
Odilon: bandido, drogado, amoral; de cabeça vazia e uma arma na cintura e morador do mesmo bairro perigoso que o casal se viu obrigado a morar por falta de condições financeiras melhor.
Naquela segunda-feira Odilon estava pior do que nunca. Após um fim de semana com muito álcool e drogas, amargava uma abstinência, correra o dia inteiro atrás de dinheiro, sem sucesso.
Ao passar defronte a casa dos velhos, ouviu um barulho que lhe irritou muito: era o ronco do Sr Demerval, tão alto que dava para ouvir na rua e dava a impressão que estremecia a casa.
Odilon ficou tão enlouquecido que decidiu invadi a residência do Sr Demerval. Pulou o muro da frente, derrubou a porta da sala aos pontapés e encontrou Dona Paulina de olhos regalados de terror. Odilon pediu-lhe silêncio com o dedo em riste diante da boca e caminhou para o quarto onde dormia Sr. Demerval, de boca e roncando com um porco.
O facínora não teve dúvida colocou um travesseiro no rosto do Sr Demerval, para abafar o som, e deferiu um tiro. Foi um som abafado e depois um silêncio sepulcral.
Odilon deixou a casa com se nada tivesse acontecido. Dona Paulina teve a reação de desespero esperada, mas com o tempo foi se acalmando, aquele silêncio era tão bom, sem aquele ronco pavoroso, que decidiu não chamar a Polícia imediatamente.
Deitou-se ao lado do marido morto e silencioso finalmente e dormiu como um anjo, como há cinqüenta anos não dormia e como era bom. Dormiu tão profundamente que babou no travesseiro.