
Não há uma definição clara do que seja uma guerra cibernética, mas os especialistas dizem que entre os prováveis alvos dos ataques estão a infraestrutura de um país, como a rede elétrica ou os suprimentos de água.
Sabe-se, por exemplo, que os Estados Unidos têm um manual de operações que estabelece as regras e procedimentos para o uso de táticas de guerra cibernética.
O país teria usado ataques de hackers em conjunto com operações de terra durante a guerra no Iraque e continua a usar recursos cibernéticos para policiar a nação.
O analista de segurança da McAfee Europe, Greg Day, disse que há evidências de que vários ataques feitos nos últimos tempos poderiam ser classificados como missões de "reconhecimento" para conflitos futuros.
A facilidade com que os instrumentos usados nesses ataques podem ser acessados preocupa o analista.
"Fazer uma guerra física requer bilhões de dólares", disse Day. "No caso de uma guerra cibernética, a maioria das pessoas pode encontrar recursos para esse tipo de ataque com facilidade".
Segurança e privacidade
Na maioria dos países desenvolvidos, serviços básicos como transportes, finanças, distribuição de energia e telecomunicações estão conectados à rede e, segundo o relatório, não estão protegidos adequadamente.
"Em resposta a isso, muitas nações possuem hoje agências encarregadas de cuidar de redes estratégicas de infraestrutura e assegurar que estão protegidas contra ataques originados na rede", disse o analista.
E como medida de segurança, as nações podem vir a pedir que empresas de telecomunicação façam checagens na rede para detectar programas malignos antes que um ataque ocorra.
A questão é polêmica porque envolve os direitos à privacidade.
O relatório da McAfee cita o caso do Brasil, onde está em discussão um projeto de lei que propõe que os provedores de internet mantenham registros de todo o tráfego na rede por um período de até três anos.
Segundo o relatório, legislações desse tipo já estão em vigor em alguns países.
Culpados
O diretor de tecnologia da empresa Veracode, Chris Wysopal, que trabalha com consultoria para governos sobre segurança em informática, disse que na guerra cibernética é mais difícil encontrar as causas de um ataque e identificar seus autores.
"Em guerras físicas é bem claro quem tem quais armas e como estão sendo usadas", disse. "No mundo da rede essa atribuição é incrivelmente difícil".
O mesmo vale para o crime cibernético, ele disse. Seguir o rastro do dinheiro pode levar os investigadores a um bando de ladrões.
"Se é alguém roubando informações ou implantando bombas lógicas, é muito mais difícil encontrá-lo", disse Wysopal.
O especialista disse que muitos governos se conscientizaram do perigo e estão criando sistemas de proteção.
"O problema é que governos trabalham com escalas de tempo de muitos anos", disse Wysopal. "Criminosos atuam em questão de meses".
Fonte: G1 Tecnologia