
O Google vai desfrutar de algo que pode apenas ser chamado de monopólio, um novo tipo de monopólio, não de ferrovias ou aço, mas de acesso à informação. O Google não tem competidores sérios.
Apenas o Google tem o dinheiro para digitalizar em grande escala. E através do acordo com autores e editoras, ele pode explorar seu poder financeiro protegido por uma barreira legal, já que a ação pública cobre a classe inteira de autores e editoras.
O Google está certamente solidificando uma posição dominante no mundo dos livros ao digitalizar as maiores coleções do planeta. Ele conta com um princípio matemático básico: não importa quantos volumes Harvard ou Oxford tenham, nenhuma dessas universidades tem mais que Oxford, Harvard, Michigan e outras juntas, isso vai dar ao Google o controle sobre a digitalização de praticamente todos os livros protegidos por direitos autorais nos Estados Unidos.
Enquanto o Google possuir um conjunto de milhões de livros que apenas ele pode oferecer ao público, ele terá um monopólio a ser explorado. Você quer aquela dissertação de 1953 sobre o planejamento do Estado alemão? Terá de pagar. Ou, algo mais sério, sua biblioteca quer acesso irrestrito a esses milhões de livros? Terá de adquirir assinatura.
Para acadêmicos que acompanham a natureza dinâmica do conteúdo da internet, sem mencionar os funcionários do Google, a ideia do Google como um barão industrial é fantasiosa. O Google não tem interesse em controle de conteúdo, e nos poucos casos em que cria seu próprio conteúdo, mapas ou informação financeira, por exemplo, ele procura torná-lo disponível gratuitamente.
Não é o papel do Google como dono do conteúdo que os preocupa. Nem a digitalização em si: é a centralização e a homogeneização da informação.