
Quantas ocasiões não tiveram de adiar os prazeres da cama por ela não está passando bem. Sócrates havia perdido muito o interesse por sua mulher, via-a como irmã, mãe... Não sabia direito, mas a despeito continuava casado, pelos dois filhos. A vida é assim mesmo: renúncia... renúncia, resignação... submissão...concluía Sócrates apático.
Elaine comparada com sua irmã Selma era uma infeliz, inconformada. Sempre de mau-humor, às vezes era intratável. Seu marido Avelino, uma pessoa calma, bondosa e insana por sexo, era o contrapeso do nervosismo, falta de calma dela.
Houve uma ocasião que ele não suportou e os dois partiram para luta corporal, fora isso viviam bem: ela falando, mandando e ele ouvindo e obedecendo, ela ganhara o confronto, ela era o homem da casa e ele sentia o maior prazer em ser a mulher.
Tempo em tempo Elaine cismava que devia trabalhar fora, arrumava um emprego, não admitia uma queda na qualidade de vida, o que para ela significava boa e farta alimentação. Mas esse ânimo durava pouco, deixava o serviço alegando ser muito pesado, não gostava de aceitar, mas o que pesava mesmo era seu corpo, dificultando a excussão de qualquer atividade física.
Quando as irmãs se juntavam, fato comum, pois moravam em frente uma da outra; geralmente era para comer ou fazer algum prato especial. Aquele dia não foi diferente, elas compraram dois quilos de carne moída e dois de farinha de quibe. Os ingredientes tiveram que ser misturado numa bacia, devido a tumidez da farinha o vasilha empanturrou.
A molecada, incluindo os filhos de ambas, teceu uma traquinagem contra elas. Um dos vizinhos delas bolou tudo. Ele sabia que seu irmão mais velho tinha entre seus pertences um frasco de um afrodisíaco que era “tiro e queda”, (conforme tinha ouvido seu irmão relatar ao amigo).
Ele pegou o vidro e passou para o filho de Elaine, que derramou o conteúdo na bacia de quibe. Eles riam e diziam uns aos outros:
- É só esperar elas comerem para iniciar o efeito... Estou louco para ver... Elas não desconfiaram de nada, fizeram os quibes, deu quase cinqüenta.
Comeram tão compulsivamente que nem notaram qualquer diferença no sabor, comeram até estufar, muito mais porque nenhuma das crianças quis comer, a principio elas estranham, mas depois agradeceram, afinal assim poderiam comer mais.
Os quibes deram para o café da manhã e almoço, foi quando realmente elas começaram a sentir o efeito, de fora só uma alegria incomum, estranha... Elaine não teve escolha, seu rosto, pernas... O corpo inteiro queimava, com isso disse que iria para sua casa tirar uma siesta, pois não se sentia bem. Selma estranhou: -
- Engraçado estou me sentindo estranha também. Será que é algo que comemos?
Elaine nem tomou conhecimento, só queria saber do marido:
- Deixa isso pra lá... tchauuuu!
Neste momento Sócrates estava descansando no quarto, após o almoço com quibe começara a sentir algo também e impacientemente gritava:
- Vem benzinho! Vem para cama descansar um pouco.
- Já vou! Estou doidinha para descansar.
O que sucedeu na casa das duas irmãs naquela tarde foi algo inédito: a mais pura loucura sexual, a mais suada e berrada das transas.
A molecada não ficou decepcionada, puderam ouvir os gemidos, sussurros e até berros saindo de ambas as casas. A derradeira prova da eficácia do exilir foi a fisionomia de Avelino e Sócrates após o que deveria ser uma sossegada siesta.
No dia seguinte Avelino passou pela rua com três pacotes, um parecia de açougue, outro de supermercado, o terceiro dava para ver claramente: era um maço de hortelã.