
A pergunta que costuma ser feita é sempre a mesma: “Como reverter isso? Como impedir o troca-troca de músicas protegidas por direito autoral?” Fazer o download de um álbum inteiro, que nas lojas custa cerca de trinta reais, é imoral? Pegar um álbum protegido pela lei de direitos autorais, copiar e distribuir na web é, sem dúvida, ilegal.
Agora, se também é imoral, aí é outra história. Furar a fila no banco, por exemplo, não é ilegal. Mas, certamente, é imoral. A associação entre ilegalidade e imoralidade é perigosa, e a indústria, de modo geral, tenta aproveitar esse ponto fraco. A decisão resta a você: músico, consumidor, usuário.
Toda obra intelectual é fruto de um trabalho árduo. É evidente a necessidade de haver remuneração a fim de que o artista possa sobreviver. Não apenas o artista, pois a remuneração é o piso de todo profissional. Resta-nos saber quanto dos trinta reais em questão chega aos responsáveis pela criação, composição e performance das músicas.
Resta-nos saber se o artista poderia sobreviver se parasse de fazer shows. Melhor ainda, resta-nos saber se muitos desses artistas “pop” de hoje teriam o público que têm, nos shows, se fossem conhecidos apenas pelas pessoas com poder aquisitivo para comprar seus CDs originais e pela publicidade oficializada.
São dúvidas já amplamente debatidas na imprensa, mas foram poucas as pessoas a questionar o atual modelo de remuneração e a política de repasse das grandes gravadoras.
Estas, por sua vez, alegam que possuem uma infinidade de custos: publicidade, produção, logística… e assim continuam mantendo os preços. E enquanto o bate-boca persiste, o barraqueiro que vende CDs piratas na esquina, agradece.
Ou as bandas tentam aproveitar a tecnologia existente para tentar divulgar suas músicas ou então continuam de forma passiva e deixem que as gravadoras continuem brigando na Justiça para defender “seus” direitos.