segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Internet nos deixa burros?

A internet pulveriza nossa atenção. Cada link que encontramos em um texto é um estímulo a mais para o DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção) que há dentro da gente. E bastam alguns minutos para que o browser fique repleto de abas abertas carregando sites sobre os quais não temos a menor ideia de como fomos parar neles, feito um turista acidental que perde seus mapas no meio do caminho. Oras, por que se preocupar em guardar certos dados no HD limitado de nossos cérebros, se o Google está aí como muleta do conhecimento, capaz de nos dar as respostas mais imediatas ao alcance de poucos cliques?

E assim estamos caminhando para um cenário de pessoas cada vez mais distraídas, incapazes de se concentrar na leitura de textos mais longos sem resistir à compulsão de apertar a tecla Page Down e pular alguns parágrafos.

Essa visão apocalíptica, segundo a qual o Google e a Web – com seus milhões de blogs, sites e mídias sociais – dispersam nossa atenção a ponto de pulverizar nosso foco, nos faz recordar de “Nada Tanto Assim”, canção composta por Leoni e Bruno Fortunato, gravada pelo grupo Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens em 1984.


É curioso pensar que, por trás de um pop/rock aparentemente inofensivo e feito para tocar em FMs, há versos que refletem uma geração que parece encarar esta era de excesso de informações de modo cada vez mais superficial.

Só me concentro em apostilas
Coisa tão normal
Leio os roteiros de viagem
Enquanto rola o comercial
Conheço quase o mundo inteiro
Por cartão postal
Eu sei de quase tudo um pouco
E quase tudo mal
Eu tenho pressa
E tanta coisa me interessa
Mas nada tanto assim


Não deixa de ser significativo o fato de que este hit do Kid Abelha foi gravado há mais de 25 anos. Ou seja, muito antes da difusão da World Wide Web, do surgimento de dezenas de canais de TV por assinatura que zapeamos a cada minuto, e do lançamento de celulares e smartphones que tocam e vibram a qualquer momento.

Que atire o primeiro mouse aquele que nunca interrompeu uma leitura para bisbilhotar a caixa de e-mails. Ou que nunca acessou o Twitter no meio de um evento, a fim de compartilhar suas impressões em tempo real e aproveitar para fuçar opiniões alheias.

Em tempos nos quais a gente se habitua quase que automaticamente a escanear com os olhos textos mais longos, dando uma passada de olhos superficial num artigo ao invés de ler cada linha e cada parágrafo com a atenção necessária.

Para toda essa saraivada de informações simultâneas, o navegador RockMelt, é o exemplo mais gritante.

screenshot_rockmeit

Até para os habituados a navegar com dezenas de abas abertas, se incomoda com a quantidade caudalosa de informações ao estilo #TudoAoMesmoTempoAgora do RockMelt. Que dá acesso direto, em painéis laterais, a updates de Twitter, Facebook, atualizações de feed e contatos que estejam online no FB. A sensação é claustrofóbica, como se um tsunami de informações tivesse me engalfinhado por todos os lados.

Nem para o céu, muito menos para o inferno. O Google ou as novidades tecnológicas que permeiam cada vez mais o nosso cotidiano não nos emburrecem. Porém os links, mais do que veículos de dispersão, são janelas que ampliam pontos de vista, aprofundando conhecimentos e trazendo novos dados sobre determinado assunto.

Enfim: como tudo na vida, precisamos descobrir como chegar ao equilíbrio entre o 8 e o 80.

Fonte: Blogs/Blogosfera

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