1. Qual é o filósofo que mais influenciou a sua formação intelectual?
R: Certamente o filósofo básico em minha formação foi Karl Marx. Na época em que eu iniciei minha vida profissional, reinava, nos meios acadêmicos de esquerda, a mais ortodoxa das leituras de sua obra: incompatibilidade entre capitalismo e sistema escravista, a colônia brasileira inserida no capitalismo comercial e caracterizada como pré-capitalista, com todo o correlato cortejo ideológico: atraso econômico, político e cultural, rudimentar estrutura de classes e conseqüente fragilidade das instituições, operariado imaturo e necessidade de conduzi-lo por dirigentes, alianças “progressistas” para não perder o trem da história.
R: Certamente o filósofo básico em minha formação foi Karl Marx. Na época em que eu iniciei minha vida profissional, reinava, nos meios acadêmicos de esquerda, a mais ortodoxa das leituras de sua obra: incompatibilidade entre capitalismo e sistema escravista, a colônia brasileira inserida no capitalismo comercial e caracterizada como pré-capitalista, com todo o correlato cortejo ideológico: atraso econômico, político e cultural, rudimentar estrutura de classes e conseqüente fragilidade das instituições, operariado imaturo e necessidade de conduzi-lo por dirigentes, alianças “progressistas” para não perder o trem da história.
Para enfrentar esses estereótipos (vários ainda vigentes, apesar da máscara neoliberal) contraditados por minhas pesquisas, vali-me de Marx. Nele encontrei um incomparável poder e finura de crítica, que infelizmente hoje vejo suprimida com ligeireza.

Nele ganhei também a dura disciplina e o grande prazer de enfrentar um texto difícil, com camadas semânticas e doutrinárias, imagens, ressonâncias, ampliações e críticas subentendidas ou para além da rigorosa escrita aparente.
Sempre as necessidades da pesquisa - no esforço de compreender a sociedade brasileira e sua inserção mais ampla - levaram-me ao estudo dos pensadores que estão na gênese da cultura moderna, como Francis Bacon ou Erasmo. Aí, outros estereótipos se impuseram, e, para criticá-los, precisei aprofundar meu trabalho no rumo da cultura antiga, sobretudo a grega.
Dos autores que surgiram em torno da crítica ao capitalismo e da cultura, devo mencionar Sartre, Adorno e Horkheimer. Léo Siptzer foi o mais importante para a interpretação de textos e para compreensão do contexto eu que se inscrevem.
2. Qual o filósofo que mais responde a suas inquietações atuais?
R: Dos autores verdadeiramente criativos, Elias Cannetti nos provê aparato conceitual e crítico sobre o mundo moderno.
3. Qual o filósofo contemporâneo que lê com mais atenção?
R: Por fora de meu trabalho, felizmente, leio autores intemporais: no momento, o fantástico livrinho de Bonaventura des Periers, “Cymbalum Mundi”, obra-prima de escrita, de liberdade e audácia de pensamento, de elegância, graça e contundência na produção, da cultura. Não só encanta o espírito e nutre a crítica, mas diverte imensamente com seu engenho agudíssimo.
Comunidade no Orkut: Eu adoro filosofia

Nele ganhei também a dura disciplina e o grande prazer de enfrentar um texto difícil, com camadas semânticas e doutrinárias, imagens, ressonâncias, ampliações e críticas subentendidas ou para além da rigorosa escrita aparente.
Sempre as necessidades da pesquisa - no esforço de compreender a sociedade brasileira e sua inserção mais ampla - levaram-me ao estudo dos pensadores que estão na gênese da cultura moderna, como Francis Bacon ou Erasmo. Aí, outros estereótipos se impuseram, e, para criticá-los, precisei aprofundar meu trabalho no rumo da cultura antiga, sobretudo a grega.
Dos autores que surgiram em torno da crítica ao capitalismo e da cultura, devo mencionar Sartre, Adorno e Horkheimer. Léo Siptzer foi o mais importante para a interpretação de textos e para compreensão do contexto eu que se inscrevem.
2. Qual o filósofo que mais responde a suas inquietações atuais?
R: Dos autores verdadeiramente criativos, Elias Cannetti nos provê aparato conceitual e crítico sobre o mundo moderno.
3. Qual o filósofo contemporâneo que lê com mais atenção?
R: Por fora de meu trabalho, felizmente, leio autores intemporais: no momento, o fantástico livrinho de Bonaventura des Periers, “Cymbalum Mundi”, obra-prima de escrita, de liberdade e audácia de pensamento, de elegância, graça e contundência na produção, da cultura. Não só encanta o espírito e nutre a crítica, mas diverte imensamente com seu engenho agudíssimo.
Maria Sylvia Carvalho Franco é professora titular da filosofia da
Universidade Estadual de Campinas e foi professora de filosofia da
USP. É autora de “Homens Livres na Ordem Escravocrata” (ed.Unesp).
Universidade Estadual de Campinas e foi professora de filosofia da
USP. É autora de “Homens Livres na Ordem Escravocrata” (ed.Unesp).

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